sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Astronautas «salvaram-se por milagre» ao regressar à Terra

Os astronautas da Estação Espacial Internacional (ISS) que regressaram domingo à Terra numa Soyuz russa «salvaram-se por milagre», informou hoje uma fonte da indústria espacial russa, que relatou as enormes dificuldades surgidas durante a aterragem



«O facto de os astronautas chegarem sãos e salvos é um milagre. Tudo podia ter acabado muito mal. Podemos dizer que tudo se passou no fio da navalha», disse a fonte à Agência Interfax.
A Soyuz TMA-11 em que regressaram o cosmonauta russo Yuri Malenchenko, o seu colega da NASA Peggy Whitson e a primeira astronauta sul-coreana, Yi So-yeon, aterrou a 420 quilómetros do lugar previsto depois de fazer uma trajectória balística - queda livre - durante a descida.
Antes e segundo dados do Centro de Controlo de Voos Espaciais (CCVE) da Rússia, o módulo russo só se tinha desviado em duas ocasiões do seu trajecto: em 2003 e em 2007.
«Em resultado do sobreaquecimento, queimou-se a escotilha de saída, fundiu-se a antena do transmissor, tendo-se perdido a comunicação. E também se queimou a parte exterior da válvula que equilibra a pressão no interior da nave», assinalou a fonte.
Isso podia ter provocado a despressurização do aparelho a grande altitude, causando seguramente a morte dos seus três ocupantes.
«Além disso, se o calor tivesse passado a escotilha ou os contentores com os pára-quedas se tivessem queimado, a tripulação não teria sobrevivido», acrescentou.
O facto de esta ser a terceira queda livre de uma Soyuz reflecte problemas com a manutenção técnica das naves espaciais russas.
«Não há garantias de que tal experiência não se repita com a próxima tripulação da Soyuz que aterrará dentro de meio ano», asseverou.
As Soyuz russas foram o único elo entre a Terra e a plataforma orbital desde a catástrofe do vaivém norte-americano Columbia em 2003 e até a NASA retomar esses voos o ano passado.
Lusa/SOL