terça-feira, 25 de outubro de 2011

Rede de telescópios tira partido da “inteligência colectiva”

Projecto «Gloria» permite que internautas de todo o mundo investigam astronomia a partir do seu computador

2011-10-20

Projecto nasce da experiência do Observatório Astronómico de Montegancedo

Uma rede mundial de telescópios robóticos à qual se pode aceder gratuitamente através da Internet e que permite a qualquer pessoa conectar-se e compartilhar tempo de observação está a ser desenvolvida num projecto europeu que acaba arrancar na Faculdade de Informática da Universidade Politécnica de Madrid (FIUPM).
O projecto chama-se «Gloria» (GLObal Robotic telescopes Intelligent Array for e-Science) e será uma ferramenta para quem quiser investigar astronomia, seja através da utilização dos telescópios, seja analisando dados astronómicos disponíveis em bases de dados públicas. A duração do projecto será de três anos e custará 2,5 milhões de euros.

O projecto nasce da experiência do Observatório Astronómico de Montegancedo, situado na FIUPM. Este foi o primeiro observatório astronómico do mundo com acesso livre e gratuito, controlado remotamente através de um software denominado Ciclope Astro, que será também utilizado pela rede mundial de telescópios.

Ciclope Astro fornece uma série de ferramentas que permitem realizar experiências astronómicas, criar cenários e controlar os telescópios e as câmaras. Francisco Sánchez, director do Observatório de Montegancedo, é também o coordenador deste projecto em que participam 13 associados da Rússia, Chile, Irlanda, Reino Unido, Itália, República Checa, Polónia e Espanha.
O primeiro dos 17 telescópios estará disponível na rede daqui a um ano. Todos eles vão partilhar o mesmo software. Além dos telescópios também serão desenvolvidas experiências de usuários, coordenadas por uma equipa da Universidade de Oxford, que criou o Galaxy Zoo, iniciativa online que convida os seus membros a classificar galáxias.

«Gloria» vai também organizar actividades escolares para atrair a atenção de novos usuários. O projecto propõe aglutinar pessoas de todo o mundo interessadas em astronomia com a finalidade de tirar partido da “inteligência colectiva” e potenciar a sua participação na investigação astronómica a partir da análise de dados e das próprias observações.

Singularidades do astro-rei desafiam Einstein

Físicos procuram teorias "melhores" que a da Relatividade
2011-10-18 Por Marlene Moura (texto)

Há já algum tempo que os investigadores da física fundamental tentam ir para além da Teoria da Relatividade, defendendo que há pequenas singularidades que “não se inserem no modelo padrão”. Apesar de ser “muito elegante”, existem “várias indicações de que não é a mais correcta” assegurou ao «Ciência Hoje» Vítor Cardoso, investigador do Centro Multidisciplinar de Astrofísica (CENTRA) do Instituto Superior Técnico e um dos membros do grupo que propõe que o sol pode ser usado para testar alternativas à teoria de Einstein.
O estudo, que será brevemente publicado na revista científica «The Astrophysical Journal», sublinha que a teoria, tal como proposta por Albert Einstein, descreve a atracção gravítica entre os corpos celestes como uma curvatura do espaço-tempo. Contudo, não explica alguns dos mais importantes problemas da cosmologia e física moderna, tais como a origem da matéria escura e/ou energia escura, e a existência de singularidades nas equações fundamentais, fazendo com que as leis da física deixem de ser validas.
Maximo Barados, da Universidade Católica no Chile, e o astrofísico português Pedro Ferreira, da Universidade de Oxford, propuseram uma variante (originalmente proposta por Arthur Eddington), que consegue evitar a formação de singularidades nas equações fundamentais, e onde o Universo não nasceu necessariamente de um Big Bang. “Esta teoria é semelhante à de Einstein, mas modifica a estrutura no interior das estrelas”, referiu ainda Vítor Cardoso.
Esta alternativa apresenta importantes diferenças na presença de matéria, mas torna-se equivalente no vazio. O investigador assegurou que para testar a teoria seria necessário recorrer “a estrelas muito densas”, ou seja, “estrelas de neutrões”, mas como o seu interior não bem conhecido e não é fácil chegar a estas, “a resposta é o sol”.
O interior desta estrela é conhecido com elevada precisão, permitindo testar as mais fundamentais leis da física. No entanto, “a densidade no seu interior depende da força de gravidade e da forma como o hélio e o hidrogénio estão distribuídos”, continuou. A vantagem é “conhecer os neutrinos que chegam do sol” – permitem “restringir teorias alternativas”.

Os cálculos da equipa do CENTRA-IST – Jordi Casanellas, Paolo Pani, Ilídio Lopes e Vítor Cardoso – mostram que a teoria de Banados-Ferreira prevê diferenças mensuráveis com a teoria de Einstein, e que os dados solares observacionais, heliosismologia e neutrinos solares permitem claramente distinguir entre os vários tipos de teorias de gravitação alternativas que são compatíveis com os dados solares actuais.

Maior telescópio do mundo poderá ter mão portuguesa

A indústria e institutos de investigação portugueses deverão participar na construção do maior telescópio do mundo, que funcionará no Chile a partir de 2018, segundo um responsável da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT).
Este é um dos objectivos de um encontro que se realizará amanhã em Lisboa, promovido pela FCT, e que juntará elementos do Observatório Europeu do SUL (ESO) e responsáveis da indústria e de institutos de investigação e desenvolvimento portugueses.
O objectivo do encontro é “incentivar a indústria portuguesa a participar na construção e manutenção das infra-estruturas dos telescópios do ESO, tendo em vista nomeadamente projectos futuros como a construção do maior telescópio óptico/infravermelho do mundo” – o European Extremely Large Telescope (E-ELT) –, que será edificado no Chile e a sua conclusão está prevista para 2018.
O desafio que este encontro quer lançar às empresas portuguesas é para se candidatarem aos vários projectos de construção deste telescópio e serem, para tal, pagas através do orçamento do ESO.
Segundo Emir Sirage, da FCT e agente de ligação industrial com o ESO, estão previstas 50 participações portuguesas: 30 empresas e 20 unidades de investigação. Pretende “dar-se a conhecer ao ESO as empresas portuguesas e que estas têm capacidade para fornecer os serviços”, disse.
Não queremos que Portugal fique de fora desta corrida”, afirmou Emir Sirage, referindo-se ao E-ELT, o maior telescópio do mundo, com um espelho de 42 metros de diâmetro. Para Emir Sirage, são muitos os benefícios desta participação para as empresas portuguesas, já que terão “cadernos de encargos únicos”.

Em 2009 e 2010, a participação industrial portuguesa em infra-estruturas do ESO traduziu-se na adjudicação de contratos num valor superior a 2,5 milhões de euros. Anualmente, Portugal contribui com 1,5 milhões de euros para o ESO.

Satélites do GPS europeu foram lançados com sucesso na Guiana Francesa

Os dois satélites IOV, do sistema europeu de GPS, foram lançados com sucesso esta manhã em Kourou, na Guiana Francesa e já foram colocados em órbita.
O lançamento do foguetão russo Soiuz aconteceu hoje às 11h31 (hora de Lisboa), pela primeira vez na Guiana Francesa; os foguetões russos Soiuz são, normalmente, lançados do Norte da Rússia, em Plesetsk, e do cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão.
Os dois satélites - IOV1 e IOV2 (In-Orbit Validation, IOV), cada um com cerca de 700 quilos - fizeram uma viagem de cerca de 3h44m, quando foram finalmente colocados em órbita, a 23.222 quilómetros de altitude.
Cerca de dois minutos depois do lançamento, separaram-se os quatro propulsores do foguetão; oito minutos depois foi a vez da separação da parte superior, chamada "Fregat", onde se encontram os dois satélites. Este módulo accionou os seus próprios motores e levou os IOV até à órbita prevista.
“Este lançamento representa muito para a Europa: pusemos em órbita os dois satélites do Galileu, um sistema que vai colocar o nosso continentes como um jogador mundial no domínio estratégico das navegações de satélite, um domínio que tem enormes perspectivas económicas”, disse Jean-Jacques Dordain, director-geral da Agência Espacial Europeia.

Este lançamento é considerado um passo crucial para o sistema Galileu, projecto que pode significar o fim da dependência europeia do GPS, o equivalente norte-americano. De acordo com a ESA (agência espacial europeia), outros dois satélites deverão ser lançados para o próximo ano.

Os quatro satélites serão o núcleo operacional deste sistema de posicionamento geográfico que, quando estiver concluído, contará com um total de 30 satélites. Este projecto permitirá às "empresas e aos cidadãos o acesso directo a um sinal de navegação por satélite produzido pela Europa", salienta hoje a Comissão Europeia em comunicado. A partir de 2014, o Galileu poderá ajudar a "uma navegação automóvel mais precisa, uma gestão mais eficaz dos transportes rodoviários, melhores serviços de busca e salvamento, transacções bancárias mais seguras e um abastecimento mais fiável de energia eléctrica", acrescenta, a título de exemplo.
Segundo um comunicado da Arianespace, os foguetões Soiuz já realizaram 1770 missões em outras duas bases: no Cosmódromo de Baikonur (Cazaquistão) e no Cosmódromo de Plesetsk, na Rússia.

Nasa recria imagem de supernova documentada há 2 mil anos

Nasa recriou a imagem da primeira supernova documentada, que foi observada por astrónomos chineses há quase dois mil anos e que teve as suas fotos divulgadas na segunda-feira.

A Nasa combinou dados de quatro telescópios espaciais diferentes para criar a imagem da supernova, conhecida como RCW 86, a mais antiga que consta dos registos de astronomia.

Os astrónomos chineses foram testemunhas do evento que aconteceu no ano 185 d.C., quando descobriram uma estrela muito luminosa que permaneceu no céu durante oito meses.

As imagens de raios X do observatório XMM-Newton da Agência Espacial Europeia e do Observatório de Chandra, da Nasa, foram combinadas para formar as cores azul e verde na imagem, que mostram que o gás interestelar aqueceu a milhões de graus devido à onda expansiva da supernova.

Os dados infravermelhos do Telescópio Espacial Spitzer, da Nasa, e da sonda Wise (Wide-field Infrared Survey Explorer), que são vistos em amarelo e vermelho, revelam o pó que chega a várias centenas de graus abaixo de zero, cálido em comparação com o pó cósmico habitual na Via Láctea, indicou a agência espacial.
Mediante o estudo dos raios X e dos dados infravermelhos, os astrónomos foram capazes de determinar que a causa daquela misteriosa explosão no céu foi uma supernova de tipo Ia, que se produz depois da violenta explosão de uma estrela anã branca.


A supernova RCW 86 está a aproximadamente oito mil anos-luz de distância. Tem 85 anos-luz de diâmetro e ocupa uma região do céu na constelação austral de Circinus que, segundo indica a Nasa como referência, é ligeiramente maior que a lua cheia.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

asteróides em rota de colisão

http://aeiou.expresso.pt/981-asteroides-de-grande-dimensao-ameacam-a-terra=f677995

Afinal, os asteróides entre 100 e 1.000 metros de diâmetro que rondam o planeta não são 35.000, como era suposto, mas sim apenas cerca de 20.000. O risco de colisão também é mais pequeno do que era estimado até agora. O problema é que 981 (pensava-se que fossem 1000) são de grandes dimensões e podem, de facto, chegar a ameaçar a Terra.




As novas observações desses corpos celestes - que orbitam a uma distância máxima do sol de 195 milhões de quilómetros e se aproximam da órbita terrestre - foram feitas pelo satélite Wise, da NASA, que observou mais de 100.000 asteróides na cintura entre Marte e Júpiter, 585 dos quais estão próximos da Terra.
Os resultados do estudo dirigidos pelo cientista Amy Maizer, investigador da NASA, foram publicados no "Astrophysical Journal".

NASA localizou 90% dos 981 asteróides de grande dimensão

"Este programa permite-nos fazer uma mostra mais completa da quantidade de asteróides que rondam a Terra e estimar da forma mais precisa possível a sua população total", enfatizou Amy Mainzer.



A NASA, em colaboração com outros organismos, localizou mais de 90% dos 981 asteróides de grande tamanho. Ou seja, 911.



O estudo permite concluir que o risco de colisão com a Terra é inferior ao que se pensava. No entanto, a maior parte desses asteróides, ou seja, cerca de 15.000, está ainda por descobrir. O que significa que são necessários mais estudos para avaliar o risco que representam.



Recorde-se que os dinossauros foram extintos há milhões de ano devido - a teoria mais corrente - à colisão de um asteróide de mais de 10 quilómetros de diâmetro com a Terra. Acredita-se que muitos dos 981 asteróides que rondam o planeta terão dimensão semelhante.