sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Composição do Sol fornece pistas sobre outras «Terras»


Um estudo publicado na revista «Astrophysical Journal Letters», da equipa liderada por Jorge Meléndez, astrónomo do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP), permitiu descobrir uma relação entre a composição química do Sol e a presença de planetas rochosos. Este resultado poderá ser essencial para a descoberta de planetas semelhantes à Terra.
Meléndez e a sua equipa estudaram a composição química do Sol e de estrelas semelhantes. Estes estudos revelaram que o astro rei é ligeiramente mais pobre em elementos refractários relativamente aos voláteis, do que a maior parte das estrelas deste género. No entanto, esta diferença é tão pequena que só recentemente, com a ajuda de instrumentos de alta resolução dos telescópios Magalhães (Observatório de Las Campanas, Chile), mais tarde confirmadas pelo observatório W.M. Keck (Observatório de Mauna Kea, Havai), foi possível detectá-la. “Durante os últimos 140 anos, o Sol foi considerado uma estrela normal, devido aos grandes erros nos dados. Estes novos dados de alta precisão permitiram-nos eliminar muitas fontes de erro, e descobrir que o Sol tem afinal uma composição química anómala”, disse Meléndez. Ir à caça A quantidade de elementos em falta é semelhante à que existe na composição de todos os planetas rochosos combinados. Mas esta diferença não é observada, por exemplo, em estrelas semelhantes ao Sol, à volta dos quais se conhecem planetas gasosos interiores. Os astrónomos sugerem que esta diferença na composição se deve à condensação dos elementos refractários em poeiras, que eventualmente deram origem a planetas rochosos. Para Meléndez, “este resultado torna a caça a outras Terras mais fácil, porque permite seleccionar só as estrelas que apresentem uma composição química alterada por planetas semelhantes à Terra”.

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