terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Novo cálculo sugere que Via Láctea é pequena


Um novo estudo feito por astrónomos brasileiros sugere que a Via Láctea, galáxia na qual está inserido o Sistema Solar, pode ser menor do que se imaginava.
«Determinar as suas propriedades é complicado porque não podemos vê-la de cima. Estamos no lado de dentro», disse Alessandro Moisés, da Universidade Federal do Vale do São Francisco em São Raimundo Nonato (Piauí).
O investigador foi o primeiro autor do estudo feito em colaboração com cientistas da USP, da Univap e de duas instituições americanas. O trabalho foi publicado no periódico Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.
A forma tradicional de mapear a galáxia é estudar regiões com a presença de muito gás e formação intensa de estrelas de alta massa.
A análise dos sinais de rádio emitidos por essas regiões permite inferir a velocidade com que nuvens e estrelas transitam na sua órbita em redor do centro galáctico.
«É como se fosse um velho disco de vinil a girar numa grafonola», diz Moisés. «As partes mais externas precisam de avançar a uma velocidade maior que as internas, pois a distância que percorrem em redor do centro é maior.»
Por isso, com base na velocidade (ditada pela massa da galáxia, de acordo com as leis da gravidade), os radioastrónomos estimam a que distância do centro está a uma dada região.

Mas a técnica exige uma série de pressuposições (sobre parâmetros como a matéria total presente na galáxia) e está sujeita a erros. Esta estimava o tamanho da galáxia em algo próximo de 100 mil anos-luz, com alguma margem de tolerância.
Moisés e os seus colegas utilizaram, então, uma técnica alternativa. Em vez de usar a velocidade medida por rádio, procuraram identificar estrelas individuais pertencentes a essas regiões e estimar a sua distância com base no brilho.
Praticamente todas as medições, feitas com os telescópios Soar e Blanco, ambos no Chile, apontaram distâncias menores do que as estimadas por rádio. Em média, a metade do que antes se pensava - uma diferença gritante.
Informalmente, os cientistas apelidaram o fenómeno de «the incredible shrinking galaxy».

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