segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Marte emite metano e está vivo


00h30m
EDUARDA FERREIRA
As suspeitas levaram a observações sistemáticas desde 2003: Marte teria emissões de metano. Cientistas da NASA dizem agora ter confirmado o fenómeno, ainda que não saibam se a origem é de natureza biológica ou geológica.
A atmosfera de Marte contém metano que está permanentemente a ser produzido e destruído, garantem cientistas da agência espacial norte-americana que desde há quase seis anos vêm fazendo observações com dois tipos de telescópios. Em 2003, Michael Mumma e a sua equipa tinham observado plumas de metano libertando-se em regiões do hemisfério Norte do planeta. Tal libertação era significativa, mas foi necessário este tempo para confirmar que se tratava mesmo de um processo contínuo.
Os cientistas foram observando emissões como se de um fumo de chaminé se tratasse (plumas). Eles chegaram mesmo a quantificar o gás saído para a atmosfera de Marte: nas zonas observadas equivaleria a quase 19 mil toneladas de metano. O fenómeno só foi observável no hemisfério Norte de Marte e durante as estações mais quentes. Isto talvez porque, especulam os cientistas, o gelo que tapa crateras e fissuras no solo durante a estação fria não permita ao gás escapar.
Os cientistas não colocam a hipótese de o metano ter sido levado para Marte por qualquer corpo celeste, como um cometa que ali tivesse impactado. As observações dirigem-se, portanto, às duas fontes possíveis: ou a água subterrânea está a produzir reacções químicas com elementos metálicos ou o gás surge da acção de micro-organismos.
De acordo com Michael Mumma, se for a vida microscópica marciana a produzir o metano, isso ocorrerá bastante abaixo da superfície, onde as temperaturas permitem a existência de água no estado líquido. É possível que esses micro-organismos tenham subsistido por milhões de milhões de anos.
Para estas observações os cientistas recorreram a dois tipos de equipamentos: Acoplaram espectómetros aos telescópios instalados no Havai para conseguirem a difracção da luz nas cores que a compõem, tal como um prisma a separa nos tons do arco-íris. Por este processo identificaram características espectrais que correspondem ao metano. As certezas dos cientistas quanto às emissões contínuas do gás baseiam-se também no facto de a atmosfera de Marte destruir de forma muito rápida o metano. Logo, se ele se mantém presente, é porque está a ser emitido em contínuo.

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