terça-feira, 8 de novembro de 2011

NASA capta novas imagens do asteróide que se aproxima da Terra

O asteróide 2005 YU55, com 400 metros de diâmetro, deverá “rasar” a Terra hoje cerca das 23h30 e a NASA captou uma imagem quando este estava a pouco mais de um milhão de quilómetros de distância.
A imagem foi captada na segunda-feira, às 19h45, pelos radares da Agência Espacial americana (NASA) em Goldstone, Califórnia, quando o asteróide se encontrava a 1,38 milhões de quilómetros da Terra.
As antenas de Goldstone estão voltadas para o YU55 desde 4 de Novembro e assim deverão continuar até ao dia 10. Este é um dos 1262 asteróides com mais de 150 metros de diâmetro que a NASA considera serem potencialmente perigosos.
Ainda assim, os astrónomos garantem que não há qualquer risco de o asteróide – que também está a ser seguido pelo Radar Planetário Arecibo (Puerto Rico) – acertar na Terra ou na Lua. A rota do YU55 vai passar no ponto mais próximo da Terra a 324.600 quilómetros de distância do centro do planeta, ou seja, a uma distância menor do que a que existe entre a Terra e a Lua (384.000 quilómetros). “A influência gravitacional do asteróide não terá qualquer efeito detectável na Terra, incluindo marés ou placas tectónicas”, garante a NASA, num comunicado desta terça-feira.
O YU55 já é um "asteróide razoável", disse o director do Observatório Astronómico de Lisboa, Rui Agostinho, ao PÚBLICO. "No caso de um choque eventual, hipotético - que não vai acontecer -, teria efeitos menos interessantes. Tudo porque tem muita massa e há muita energia cinética em jogo. Segundo cálculos muito simplistas, se toda essa energia fosse convertida numa explosão, a energia equivaleria a cerca de 30 bombas nucleares".
Em Portugal, o Observatório não vai acompanhar a passagem do asteróide por causa das más condições meteorológicas. "As condições de observação não são favoráveis", disse Rui Agostinho.

Passagem do asteróide é oportunidade única para astrónomos
Esta é considerada uma oportunidade especial para os astrónomos, porque desde 1976 que nenhum corpo passava tão perto da Terra e só em 2028 voltará a repetir-se um fenómeno semelhante. Mas para conseguir ver o asteróide é preciso um telescópio com uma lente de, pelo menos, 15 centímetros.
Estes são objectos muito pequenos, "muito difíceis de estudar" e "o facto de termos um asteróide assim tão próximo da Terra, com brilho suficiente, é uma oportunidade única que nos permite classificá-lo com maior rigor", através de imagens de radar, como a do radio-telescópio de Arecibo, acrescentou Rui Agostinho.
Ainda assim, o conhecimento sobre o YU55 "já é de grande qualidade", tendo em conta que apenas foi identificado em 2005. "Este costuma estar entre Vénus e Marte, numa órbita muito estável que cruza a do planeta Terra", por exemplo. Esta é a altura ideal para estudar a sua composição mas, principalmente, a evolução da sua órbita.
Observações feitas no ano passado pelos radares de Arecibo permitem saber que o asteróide tem uma forma mais ou menos esférica e faz uma rotação lenta, a cada 18 horas. Também se sabe que é do tipo C, ou seja, é rico em carbono e terá um ar poroso e muito escuro. Segundo o que já foi observado, o asteróide está cheio de crateras.
Segundo a NASA, todos os dias a Terra é "pulverizada" com mais de 100 toneladas de material libertado pela passagem de asteróides e cometas, mas a maioria é apenas poeira e partículas muito pequenas. Rui Agostinho referiu que a passagem destes corpos celestes "não é tão rara como se pensa". Existe uma "família de asteróides na zona interior do sistema solar", acrescentou.

Notícia actualizada às 12h25 com declarações do director do Observatório Astronómico de Lisboa.

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