segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Água da Terra pode ter vindo do espaço

Estudo do geoquímico francês Francis Albarède publicado esta semana na revista «Nature»

Uma nova teoria sobre o aparecimento de água na Terra é proposta no último número da revista «Nature». O estudo do geoquímico francês Francis Albarède, da Escola Normal Superior de Lyon, defende que a água dos oceanos foi trazida para o nosso planeta por asteróides cobertos de gelo, dezenas de milhões de anos depois da formação do Sistema Solar.

O resultado desta investigação contraria a ideia geralmente aceite de que os oceanos e a atmosfera se formaram a partir de gases vulcânicos.
Segundo Albarède, os “asteróides gigantes cobertos de gelo” chocaram com a Terra entre 80 e 130 milhões de anos depois da formação do planeta, trazendo-lhes as suas reservas de água.
Ao introduzir-se no manto terrestre, essa água permitiu o aparecimento da “tectónica das placas, que poderá ter sido crucial para o aparecimento da vida”, sublinha o investigador.
O fenómeno seria também responsável pela formação da atmosfera, até agora atribuída a “vapores emitidos durante o dealbar do nosso planeta”, afirma o investigador num comunicado divulgado pelo Centro Nacional de Investigação Científica (CNRS) de França.
“A Lua e a Terra eram basicamente secos logo após a formação da Lua, na sequência de um impacto gigante na proto-Terra” (primeiro estado geológico da Terra).

Tendo em conta cálculos recentes, as temperaturas eram demasiado elevadas entre o Sol nos seus inícios e a órbita de Júpiter para que elementos voláteis, como vapor de água, pudessem condensar-se nos “embriões planetários”.
Comparando Marte, Vénus e a Terra, três planetas com histórias diferentes, o que distingue a Terra é a existência de placas tectónicas, de oceanos líquidos e de vida.

Num momento em que se procuram planetas extra-solares, deveria tentar saber-se por que razão estes três planetas do Sistema Solar são tão diferentes, sugere o cientista francês.

Artigo: Volatile accretion history of the terrestrial planets and dynamic implications
http://www.nature.com/nature/journal/v461/n7268/full/nature08477.html

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