sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Descoberta nova técnica para 'caçar' planetas



Um grupo de investigadores, em que se incluem dois portugueses, publicou na revista 'Nature' uma nova forma de encontrar planetas: medindo a quantidade de lítio existente nas estrelas semelhantes ao Sol. Quanto menor for a quantidade desse metal presente nesses astros, maiores são as possibilidades de estes serem rodeados por planetas.

O metal lítio pode ser a chave para a descoberta de novos planetas. Ao analisar as estrelas semelhantes ao Sol, um grupo de investigadores de Portugal, Espanha, Suíça e Itália descobriu que quanto, menos lítio for encontrado numa estrela, mais probabilidades existem de que essa estrela tenha planetas em seu redor. O estudo foi publicado quarta-feira na revista científica Nature.
O lítio diminui nas estrelas devido à convecção, como acontece, por exemplo, numa panela com água a ferver. Da mesma forma que a ebulição faz movimentar a água de uma panela, o mesmo acontece nas estrelas. A convecção faz os gases que compõem o Sol vir à superfície, empurrando outras substâncias para o interior. Dessa maneira, o lítio é enviado para o núcleo e, em contacto com as altas temperaturas, é destruído.
"Ainda não sabemos dizer ao certo porque é que estrelas como o Sol têm menos lítio. Mas achamos que a convecção tem a ver com os planetas que orbitam em redor", contou ao DN Sérgio Sousa, que, juntamente com Nuno Santos, completa o lote de astrofísicos portugueses que participaram neste projecto.
Liderados pelo Instituto de Astrofísica das Canárias, em Espanha, obteve-se uma amostra com 500 estrelas. O objectivo é encontrar novas formas de se detectar planetas, descobrir como foram formados e se existe vida neles. Através de um simples telescópio médio (um com quatro metros) foi possível medir a presença de lítio na estrela. Os investigadores descobriram que os astros semelhantes ao Sol, com baixo conteúdo de lítio, têm, em média, dez vezes mais probabilidades de albergar planetas. "Actualmente, localizar planetas é um trabalho muito lento e que requer muita paciência, porque é preciso investigar milhares de estrelas e realizar medidas muito frequentes da sua velocidade para detectar pequenas mudanças, para as quais são precisos instrumentos de grande precisão", disse ao jornal El Mundo o espanhol Rafael Rebolo, líder da equipa de investigação. O lítio tornou-se, assim, uma pista para se descobrirem planetas ao redor de estrelas. O teste aos astros, que demora cerca de cinco minutos, não garante que a estrela vá ter em seu redor um sistema planetário, mas determina que existem mais possibilidades de este albergar planetas. "Vai poupar um esforço significativo nas observações", assegurou Rebolo. Os cientistas calculam que entre cada mil estrelas parecidas com o Sol, apenas 10% terão um sistema planetário.
"Acreditamos que os planetas gigantes possam modificar a estrutura dos astros, afectar o comportamento dos gases", diz o espanhol. Quando se descobrir se isto é verdade, estará tirada a dúvida sobre a falta de lítio nas estrelas semelhantes ao Sol.

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